segunda-feira, 17 de março de 2008

Dia 19 de Março, "Dia" dos Pais.

Quero dizer,sinceramente, que embora viva estes dias da maneira mais presente e reconhecida, desde que me entendo como gente, na encruzilhada dos meu pensamentos,reflexões e sentires, que não relevo excessivamente a passagem deste mais "um" dia de celebração, por entender dever pratica-lo, igualmente, durante os outros 344 dias do ano.

Contudo, jamais o enjeitei, de forma alguma o rejeito, e sou feliz por o poder sublinhar na presença única do meu Pai.

Dizem que por ser Carangueijo de signo, que inerentemente existo numa valoração acentuada da minha sensibilidade familiar.
Reconheço-o, facilmente, mesmo sem até hoje algo de muito concreto ter feito para também eu constituir uma família, em moldes similares e parecidos aquela de que faço parte como filho e irmão, tio ou cunhado.

Não me queixo,aliás, não sou de me queixar gratuitamente, mais de assumir ou, isso sim, de fazer algo consistente e coerentemente para bolinar as aparentes inerências do destino.

Acredito - do fundo da minha ignorância implicita - que ser Pai ou ser Mãe, ambas as experiências devam ser únicas e incomparáveis.

Acresce a toda esta vivência, sentido, objectivo, que se a resultante a nivel da descendência -leia-se filho(s) - for "recompensadora", dir-se-ia que a iniciativa de ajudar a nascer e criar algo do zero, poderá constituir-se no verdadeiro SENTIDO que aliás , porventura, todos buscamos, para podermos ser presente, olhando o passado, e sermos ainda transição para algo que se espera e deseja (?) sequencial e continuo.

Acho que com segurança e certeza posso hoje afirmar tranquilamente que sei exactamente a importância de poder ter um Pai e uma Mãe presentes, circunstância essa que rapidamente e de forma imediata se transforma em privilégio único quando do meu Pai se trata.

Por contraponto a essa realidade,sempre fui particularmente sensível, atento e disponível para com aqueles que a determinada altura das suas vidas se viram amputados dessa presença, e que por essa razão merecem da minha pessoa a minha mais profunda consideração e admiração.
E sei do que estou a falar.

Numa outra ocasião, não há muito tempo, neste mesmo espaço, tive oportunidade de a propósito de idêntica data escrever algumas palavras, passar algumas ideias que dessem uma imagem real da minha Mãe, não de todas as suas reconhecidas e muito raras qualidades humanas, mas de alguns indicadores que sublinhassem a importância que teve, tem e terá na minha construção como pessoa.

Sabia eu que outro dia - por sinal hoje - iria, igualmente, referir-me de forma , igualmente, não propriamente "facil" de redigir ao meu Pai, a minha outra metade,por de uma rara existência de especial Ser se tratar.

Sei que tenho algo de diferenciado, algo de verdadeiramente honesto e bom como ser humano, e que tento deixá-lo visivel nesta minha passagem única pela Terra.

Mas com certeza maior, sei que seguramente o que consegui, foi herdado genética e posturalmente de ambos os meus Pais.

Eu venho vindo a construir-me, a afinar-me e corrigir-me, sobre essa base cuja qualidade humana jamais conseguirei atingir.

Aliás, ainda hoje, eu sou o que sou, e sou-o para honrar e dignificar o muito que os nossos Pais nos têm dado, que é muito para além do que os três algum dia poderemos retribuir.
Disso, não tenho hoje qualquer dúvida.

Por isso tudo, comemorar o dia do Pai, é sublinhar também estas ideias já há muito cimentadas e inabaláveis nas suas convicções, e é pedir que todos possamos estar em comunhão presencial, e sabermos dar o devido valor ao precurso, ao presente, para o futuro, destes exemplos excepcionais,que por o serem rareiam, no meu caso, não existem outros iguais.

Não me parece no entanto possível enúmerar qualidades (*), quando a essência se eleva bem alto, muito para além do banal e facilmente verbalizável.

Descrever qualidades,seria ser pouco, não dizer o bastante, quando de "coisa" única falamos,logo aquèm por certo ficaríamos.

Eu - nesta minha trabalhada evolução como ser individual - ainda não percebi verdadeiramente se existe um estado de Felicidade, ou ao invés, se existem momentos felizes,ou outros estados mais específicos de (auto)satisfação.

Sei no entanto de forma inquestionável que SOU FELIZ por ter o privilègio de "ter" os Pai e Mãe que temos. E isso é tudo, é imenso,tudo justifica.

Beijos do teu filho Rui.

(*) - Em redacção, o post  "O Médico que nunca dizia ser Doutor".