sexta-feira, 6 de julho de 2007

"Esta música é linda", disse , sorrindo daquela maneira mágica...






"Mar de Sophia"
Apareceste linda,nem mais nem menos, mas diferente,facies tranquilo e amaciado, de cabelos lisos,loiros,e com aquele penteado que tem um toque tão especial,ainda não facilmente defínivel.
A pontualidade, foi - com esforço pessoal - a possível. E de repente se muda do registo stress, para a observação perscutante, observadora, detalhista...
Tudo parecia estar certo, no seu sítio, equilibrado, sofisticado na "aparente" simplicidade...e o rosto transmitia tranquilidade, e muita jovialidade...
É curioso, seja qual for a circunstância - e pensei-o ,claro - é tão difícil me entregar completamente, sem continuar pensando, sempre pensando...vou atrás, consciencializo-me no presente, vou e venho à frente sem lá ficar demasiado tempo, e estou, tento "estar" mesmo, SENTINDO TUDO, com todos os sentidos, rigorosamente todos.
E a fruição assim plena me trasporta para sensações muito, muito especiais, que - é curioso - no momento exacto das vivenciar, logo logo sinto que não as estou a expressar em toda a dimensão do SENTIR.
Seguramente, julgo, isso se deverá à minha matriz comportamental reservada, discreta,por vezes, algo condicionada ( mas isso é outra conversa, bem mais longa, e que foge em absoluto a este comentário).
Que nome é que se dará a esta circunstância que nos permite sentir com igual prazer todos esses sentidos, ter feedbaks igualmente bons de todas estas emissões de tão especial existência...presença, lado a lado.
Será que pensar demais, me impediu muitas, e muitas vezes de SENTIR livre, mais e melhor?
Obrigado pela vossa ajuda, mas eu sei a resposta, claro que sim! C'est la vie.
...a temperatura, apesar da brisa era já de verão, e sentia-se o espírito e algum calor na presença das pessoas, nas indumentárias menos pesadas, e no circular respirado em sentidos desconexos naquela calçada iluminada,também, preenchida de cheiros vários...
Eram horas de jantar, comer algo, petiscar...estar junto, circular de coração quente, e satisfação evidente e estampada no rosto.
E não é que "apareceram" pessoas simpáticas, que foram sinceros, claros, educados, aprazíveis...
Tudo fica tão mais fácil quando assim é, e é preciso tão pouco para assim o sêr!
A pontualidade estava a ser cumprida,quase britânicamente, e entre portas a coisa se atrapalhou um pouco, de ínício...mas já lá estavamos, e como diz alguém que bem conheço, é só colocar a razão ao serviço da inteligência...e lá entramos fácil, sem problemas...
Ultrapassada esta "barreira" que "obrigou" a este expediente logístico mais atento, e uma vez conduzidos aos lugares, de imediato nos concentramos na voz, na presença por entre luzes.
E eu, particularmente parte de mim, apesar do contexto, da ambiência, do prazer do envolvimento ( que lugares bem escolhidos, que sorte).
...e que voz tão segura, tão quente,em gestos poucos, mas com sensualidade quanto baste,sem falsos exibicionismos.
Adoráveis as poesias ditas,que entre outros poetas/letristas, nos remetem sem facciosismos bacocos ou nacionalistas/patrióticos , para Fernando Pessoa, e para a emergente necessidade de ler mais, mergulhar mais nessa mente genial, e premonitória,de uma actualidade arripiante.
E esta satisfação pelo espectáculo, continuada e crescente, ía sendo acompanhada em simultâneo por silenciosos mas crepitantes pensamentos por inspiração presencial, corrente essa passada entre mãos...e os pensamentos voavam alto, se reproduziam em mais outros,apenas entrecurtados , também, por manifestações físicas veículo de um estado de espírito que prepassa em muito a ambiência desta noite.
Mas sempre observava, olhava tudo, repetidamente, umas vezes mais discretamente, outras assumidamente com o intuito de ver, de cheirar, de sentir, de tocar, tocando, e fazendo-me sentir.
...e o espectáculo corria, coerente na sua qualidade,e de repente ouço : "Esta música é linda", e olho á volta, para o lado...
Fiz um compasso de espera, e passei a cassete bem rápido, para a frente e para trás, eu próprio senti físicamente essa velocidade, o atrito da fita nos roletes...e pensei,que bom, depois de tudo, que foi tanto, e há tão pouco tempo, dizia, que bom ver aquela manifestação sentida de contentamento,felicidade (acho eu?),quão merecido é ( eu gosto desta palavra, merecer),que privilégio estar ao lado,presenciar, perceber,avaliar, e...pertencer.
E, os pensamentos ficaram livres, em associações várias, sem grilhões nem ferrolhos de qualquer espécie...e me veio à memória o relato d'um episódio que foi assim ...
...disse ele, jovem, uma vez no seu ainda compreensível tímido e sentido(sofrido) embaraço do revés que a vida lhe pregou tão cedo, e de forma tão inusitada: "não, eu só tenho Mãe"!
Sabe Deus, e também eu, até eu, que o que ele queria significar com aquelas palavras que a ligação à terra dele ( e do irmão) é a Mãe, pois Pai "apenas " está no imaculado e privilegiado espaço dos seus corações e, obvio, nas memórias nem sempre choradas, mas profundamente sentidas de suas lembranças diárias de algo que É um exemplo no "Presente".
E que papel o desta Mãe...
Eu que tenho a "melhor" Mãe do Mundo, aprendi a não me cansar de homenagear esta Mulher,também e principalmente como referência humana.
Que bom que seu sorriso se pode soltar,que tal maravilha pode ser por todos visionado, que privilégio o meu por tudo enxergar,e ter conseguido estar nesse entrar nesse olhar , onde agora me deitaria, e me acolheria longamente...
Parabéns.
mp