quinta-feira, 3 de maio de 2007

MÃE...mergulho profundo num sentimento único...com o céu por limite.








Eis-me, finalmente, a vencer todas as (justificáveis) inércias,e barreiras múltiplas que me levaram a protelar a redação de um texto sobre a Minha Mãe.
Muitas vezes o pensei, e sempre me fui sentindo cada vez menos competente e capaz para o fazer.
Para me ajudar, coloquei mesmo aqui, na bandeija do leitor de cd's "Il Divo" = Divino.
Impossível não conseguir inspiração com estas vozes, esta harmonia, estes arripiantes acordes de pura beleza...
E depois há o sujeito/objecto das palavras escritas... sempre me inspirando como um verdadeiro GUIA espiritual...
No fundo, a razão é demasiado simples, e até compreensível.
Como é que eu iria conseguir transportar para um simples texto, num modesto espaço de reflexão (blog) , tantos sentimentos, tantas emoções,manifestações tão dispares de uma existência convivida e partilhada.
E, em pensamentos entrecruzados, transversalmente, advêm-me pensamentos de pessoas que conheço, com quem convivo ou convivi, que já não podem usufruir da presença física das suas dele(a)s Mães, ou que estão longe, e sofrem com a distância, mas que jamais, como eu, perdem o referencial.
E como eu respeito, considero e admiro essas pessoas.
Eu, já perceberam por certo - sou e sinto-me um priveligiado, cada dia que passa,mais ainda.
E hoje, dia 25 de Maio, é o dia de aniversário da minha Mãe!
Assaltam-me, primeiramente, adjectivos de entre os melhores, palavras que têm um significado limitado em si mesmos,que redundam em perigosa superficialidade, resvalando quiçá, exactamente, para a banalidade que não é capaz de expressar o verdadeiro SENTIR.
Tentei então - para não se dizer que fujo,uma vez mais à responsabilidade de falar -, escolher algumas características ,de entre um rol imenso e infindável, que mais transbordam do perfil humano dessa pessoa que receosamente tento descrever.
E paro uma vez mais...a música continua,levanto a cabeça, olho em frente, e imagino a minha Mãe, e por momentos me emociono, e me questiono : será que tu minha Mãe sabes que tanto, e tanto penso em ti, desta forma única que me molha os olhos de emoção?
Será que tenho sido suficientemente bom filho, como tu sabes, Deus confirma, mereces como ninguèm? E paro, rsrsrsrsrsr, estou no trabalho, xiu, rsrssr, não posso , não devo estar assim...emocionado, lacrimejando. E me lembro do meu Pai...Eu sei, parece estranho, mas cresci como pessoa a adorar ambos os meus Pais, me criei assim, e me inspirei nas suas (deles) condutas, pelo que jamais consigo dissociar as lembranças, um do outro.
Como é difícil escolher de entre tantas qualidades com que a minha Mãe tem polvilhado espaços e pessoas por onde vem passando...
Sei que é um lugar comum dizê-lo, mas assumo-o, como me sinto menos perante a sua bondade, a sua entrega aos outros, a sua inteira disponibilidade, permanente compreensão, e amor incondicional a todas as horas.
Nasceu num dia de azar, a Mãe dela morreu dias depois sem se conhecerem, e teve um Pai que no seu subconsciente nunca lho perdoou,mas se fez, ajudada inicialmente com uns Tios muito próximos, muito amigos, no Norte de Portugal.
Aos treze anos, ela e os irmãos vieram sós viver para Lisboa, pois o Pai estava fora, sempre fora, pois era marinheiro...
Teve, portanto, razões de sobra para ter uma vida de adulta de queixas, de revolta, de falta de afecto, lacunas únicas como a de não ter sequer sentido o colo da Mãe, e ao invés ter recebido sempre um reverso frio do outro lado.
Mais tarde emancipou-se, casou, abdicou de uma profissão em que tudo fazia querer a sua formação humana iria fazer a diferença, se destinguir, em favor da criação de três filhos, e da organização de toda uma casa, de uma família.
Nem sempre a vida foram rosas....
Nem sempre ao deitar, ou ao acordar teve razões para acordar com um sorriso...
Nem sempre aqueles a quem se dedicou de corpo e alma lhe mereceram o esforço e o sacrificio.
É verdade que todos nela reconhecem uma pessoa de excepção!
Para além da sua inegável beleza,sempre foi simples, Mãe, mulher, elo de ligação, pedra angular...ponte!!! Altruista, excepcionalmente simpática, de um coração imenso (pausa para mais umas lágrimas que me turvam a escrita) ... levanto a cabeça, disfarço, respiro fundo, e digo para mim, que sorte a minha, que sorte a nossa ter esta pessoa/mulher junto a nós ( eu tinha dito que não ía ser fácil escrever...)!!!
Olho em volto, estou só , Graças a Deus, penso no tempo... engulo em seco, e penso que nesta vida nem todos merecemos todos o mesmo. Sei que esta tese é discutível, mas eu é assim que penso e, pessoas desta qualidade humana como são a minha Mãe e o meu Pai, deixam-me verdadeiramente sem palavras para os elogiar, mais e mais, como gostaria de ser capaz, até porque o nó na garganta vai apertando,ersrsrsrssr, a tal lágrima multiplicou-se por muitas mais...

Desculpem, mas vou-me ficar por aqui... pensei que fosse mais fácil!

Muito obrigado Mãe por tudo, mil anos de vida, e que nós te possamos acompanhar nesta viagem, e usufruir de tudo o que tu és, que é MUITO.

Teu filho R.

5 comentários:

RFTX disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

AMOR DE MAE

Surpresa, choro, alegria
Entusiasmo, aconchego
Doçura, paciência
Carinho, doação.
Corpo, alma, sorriso
Inteligência aspirando sabedoria
O ponteiro do relógio parado no melhor instante da nossa vida
Mansidão.
Esperança.
Cabelos desgrenhados, unhas por se fazerem, banho adiado para mais tarde.
Cansaço, entrega...
CERTEZA
Colo sem comparação.
Preocupação e calmaria.
Verbo e predicado
Ponto de exclamação
Música cantada e ouvida
A medida mais acertada
A busca da perfeição.
A mais rica das rimas
A edição ilimitada
Única presença infalível.
Referência, atenção
Poesia e prosa
Conto de fadas e realidade
O açúcar exato
O tempero inigualável
Oração
O tapete que evita a queda
O espelho que reflete a virtude
O abraço sem pressa de acabar
O toque, o olhar
A mais colorida pintura,
O endereço inquestionável
A palavra, o silêncio
O anjo da guarda
O manto que protege
O veículo para o céu
O sim, o não, o coração, a razão
Companhia na solidão
Aspereza que afaga
Docilidade que corrige
Paz, esplendor da vida
A matiz primeira das manhãs
O AMOR DE VERDADE, que não perece, não duvida, não diminui
Que de tão grande, é incondicional
Amor sem medida!

UmOlhardeMulher disse...

Por mais que eu viva, nada mais que me aconteça, fará, nem por um segundo, que eu duvide, da maior força presente e disponível para nós, seres humanos, esta energia que cria, transmuta e cura. O AMOR.
E, que privilégio, quando podemos testemunhar, como fiz agora, através da leitura deste texto, a concretização da vivência do amor real, incondicional, nas pessoas. O RESULTADO.
Porque, não há dúvida, quando o amor transborda, ele frutifica em reciprocidade, reconhecimento, e, quando isso não acontece, ele retorna e realimenta, sempre.
Neste caso, concretamnete, que maravilha, ser a Mãe que experiencia este retorno, colhe estes frutos, na forma de palavras, como um tributo sentido e profundo, eternizando, o que é, no dia a dia, vivido.
Parabéns à Mãe, e ao filho, tb.

RFTX disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Teka disse...

Tudo o que eu possa escrever é tão pouco, tão insignificante perto da preciosidade destas palavras belas e que saem tão de dentro...

Apenas MUITO OBRIGADA, a esta MÃE e a este FILHO!